Álbum Comunhão
Maracujá
Samba Verde
Dropei
Baião
Cordeiro do Mundo
Benzim
A Benção
Zé
Queriam viver de música, com suas letras em ritmos abrasileirados, eram eles Diego Wander (voz e percussão), Alexandre Ferreira (bateria), Bruno Brogio (voz e baixo) e Caramuru Brandão (voz e guitarra). Comungaram então de tal vontade genuína, ainda em 2014. De lá para cá, tem misturado samba, forró, rock e psicodelia. Nos meses de junho a agosto, entraram em estúdio, receberam visitas de diferentes grupos de sua cidade, gravaram suas composições. “Comunhum” é fruto de seus prêmios e de parcerias musicais.
O álbum de estreia já pode ser ouvido pelo canal da banda no YouTube, só dar play e aproveitar o melhor da banda, considerada uma das surpresas da atual música de Goiás por sua rápida ascensão, tanto em crítica quanto em relação ao público. O baixista Brogio conta que é legal perceber que as pessoas, no show, vão para dançar, um diferencial que a banda tem. Do disco, “a surpresa pela atmosfera, o tempero das percussões, a poesia e a crítica que fica no ar”, conta. No show, tudo isso também, “só que em chamas”.
Ícones dos anos 60 e 70, como Led Zeppelin, Pink Floyd e Beatles são influências notáveis no som da banda, que admitem e abraçam outras sonoridades; dentre elas, o som nordestino de Dominguinhos, Gonzagão, Alceu Valença e Jackson do Pandeiro. “Outras referências vem de artistas que nunca se encaixaram em gêneros, como Tom Zé, Ave Sangria, Caetano ou Júpiter Maçã. Consideramos esse desencaixe algo desejável.”
Ver mais em:
https://www.jornalopcao.com.br/opcao-cultural/comunhao-o-disco-de-estreia-da-banda-cha-de-gim-51964/
Curta aqui as músicas:
Arte da capa: Lylia Damasceno
Letras das músicas
Maracujá
Compositor: Bruno Brogio
Despertar (x2)
Despertar, sem despertador
Devagar, me espreguiçar
e o que eu sinto
é um imenso sossego
Gente correndo de lá pra cá
passam batido não veem passar
o que de bom a vida tem pra dar
E o presente fica pra trás
com tanta pressa que já não há paz
até que a vida um dia então passou
Enquanto eu e você
Tranquilamente
Observamos o gatinho a brincar
e o vento trazer a chuva
e a chuva volta pra terra
faz brotar
Maracujá
Samba Verde
Composição: Diego Wander, Walacy Neto, Daniel Ramos
À meia noite, 'os homi' bate na porta
e ninguém sabe o que é que vai acontecer
Provavelmente vão descer o tapa
provavelmente a gente vai correr
Mas a cabeça continua longe
e essa brisa não vai terminar
se o verde sempre foi a nossa fonte
a nossa onda ninguém vai cortar
Paragadá, paragadá
Mesmo que a gente diga amém ao samba
mesmo que o santo pare pra ouvir
a nossa vida é uma corda bamba
'tamo' sambando que é pra não cair
Paragadá, Paragadá
É muita coisa pra falar
(e pouco ouvido pra escutar)
É pouca coisa pra fazer
(e muito assunto a terminar)
É muita lei pra eu decorar
(nenhuma pra Legalizar)
Porque o errado é você
Dropei
Composição: Diego Wander, Walacy Neto, Daniel Ramos
Dropei a vida e vi que tudo é mais bonito
faz mais sentido se o que eu olho é colorido
Percepção que abre as pregas do infinito
é mais gostoso quando o fruto é proibido
Alucinar a idéia torta, a experiência
da pele a flor e dos sentidos a essência
E o que é normal se cada um tem uma crença?
O ser humano só é igual em ter diferença
Baião
Pelas bandas de Pernambuco
o bichinho se criou
da terra seca se fartou
ficou forte e procriou
E o reinado do baião
foi assim que começou
Refrão
E não é que deu xaxado
e não é que deu em xote
e balançou de sul a norte
feito arrepio no cangote
e todo o povo brasileiro
arrasta pé desde então
Mas quando eu toco o meu baião
toco o baião com distorção
Êh, baião!
[instrumental]
Meu Divino São José
aqui estou em vossos pés
dai-nos chuva com abundância
Meu Divino São José
Demonstrando a minha fé
vou subir a Penha à pé
pra fazer minha oração
Vou pedir à padroeira
numa prece verdadeira
pra salvar o meu baião
[Refrão]
Nesse Brasil de tanto ritmo
de axé e balancê
quem dançar vai lhe dizer
nenhum deles faz mexer
como o som de uma zabumba
um triângulo e um sanfoneiro
Cordeiro do Mundo
Compositor: Diego Wander
Eu trago no tato o contrato da alma carnal
Cordeiro do Mundo, diz pra mim
por que quando eu nado eu me afundo
a ti
Eu trago na alma a calma que eu tiro do céu
da boca do homem, mas se o prato é raso
a fome me come
E a ideologia pregada aqui no meu quintal
que faz do terreiro, um campo de guerra
pra ganhar dinheiro
Ôh, oh, oh
Ah... Judas de bom pastor
da ovelha cega que sou
(x2)
[instrumental]
E a ideologia pregada aqui no meu quintal
que faz do terreiro, um campo de guerra
pra ganhar dinheiro
Ôh, oh, oh
Ah... Judas de bom pastor
da ovelha cega que sou
(x2)
Benzim
Compositor: Diego Wander
Benzim não vá se embora
fique só mais um pouquinho
o teu neguinho tá que chora
no quarto ali sozinho
e o retrato comprado em um
camelódromo qualquer
me diz que um homem
só é homem quando ama uma mulher
Refrão
Não há prazer que cubra a vontade de você
Não há tesão que possa confortar meu coração
Que falta me faz
aquele seu cafuné
que tu fazias enquanto a gente
ouvia as músicas do Tom Zé
e o omelete nunca mais
vai ter o mesmo gosto
eu aprendi, a felicidade tem um lado oposto
E agora o que é que eu vou
fazer da minha vida
quando o amor vira uma farpa
que não se tira com pinça
A Benção
A benção, seu Zé Carreteiro
Eu peço licença pra que esse grupo
seja o primeiro a pregar sua crença
pois meu verso também é doença
É veneno que mata, é faca que corta
é bote de cascavél, é pescoço na corda
é negócio do céu entre a noiva já morta
é a veia e artéria já toda exposta
é o câncer que cura pendente a proposta
entre o dólar e o euro, o real tá na bosta
Entre a bola e a rede, acho tudo besteira
morreu de sede na sexta-feira
é a pinga, é a carne, cheia de varejeira
É 'os menino' na terra, cheio de lombriga
é a esposa com fome, mais um na barriga
é a marmita gelada, é o ovo cozido
é o calo da enxada, é o Deus deprimido
é o rancor e o ódio de trabalhar pro rico
é o cheiro da flor do caixão de domingo
é o velório que passa no horário marcado
é o país caminhando pra ser sepultado
Zé
Composição: Diego Wander, Walacy Neto, Daniel Ramos
Ô Zé
o sapato tá gastanto
o dia tá clareando
seu chapéu até molhou
Ô Zé, Ô Zé
sente essa garoa fria
e você na boemia, Zé
vai dormir no corredor
Pois é
hoje eu pensei na minha vida
hoje eu mexi nessa ferida
e vi que o jogo acabou
Mas Zé
do que você tá me falando?
a vida só tá começando
e você já cambaleou
Quer saber, ô Zé
por que 'cê' não fica na sua?
a minha estrada é a rua
é viver beber e matar
Ô Zé, ô Zé
Você só sabe da novela
pôs cortina numa cela
e não arreda do sofá
O quê, Zé?
eu sempre fui seu companheiro
desde sempre o primeiro
bota essa arma no chão
Ô Zé, ô Zé
'cê' não esquece quem sou eu
meu nome é Zé igual ao seu
da mesma carne o mesmo pão
dois em um, bem mais que irmão